Não ao pé no chão.

Wednesday, February 28, 2007

Dias de "não quero"

Tem dias em que o "real", o "normal", o "requerido", o "presuposto", o "aceitável", o "exigido", o "compatível", o "padronizado", o "moldado" é insuportável demais... ainda mais insuportável do que geralmente.

Tem dias em que só ouvindo algo como Fantomas é que dá pra suportar o dia.

Viva Fantomas!

Ouvindo (bem alto): Fantomas - Simply Beautiful

Espreitando

Ela sabia que estava sempre sob o olhar atento daquela que, como uma sombra indesejada, a perseguiria até o seu último dia.
E era justamente quando ela menos esperava que a tal sombra dava um tiro em sua nuca.

A tal sombra não era anônima... Tinha um nome de guerra...
Era conhecida por todos como timidez.

A maldita Timidez.


Ouvindo: Damien Rice - 9 Crimes

Monday, February 26, 2007

Dique

Ouvindo: Sonic Youth - Titanium Expose


Eu ando muito louca.
Eu ando com uma raiva que não é minha.
Eu ando me sentindo presa.



É quase hora.
É quase hora de deixar tudo flluir.
Os diques estão pra arrebentar.

Sunday, February 25, 2007

ah, viaaaagem!

Essa semana houve uma revolução aqui em casa.
Foi imposto que deveríamos nos livrar de toda e qualquer velharia pois, segundo a matriarca, "a energia nova tem que ter espaço para circular".
E lá fui eu em busca do esquecido e encostado num canto.
Comecei a remexer tudo... papeizinhos soltos, álbuns, cadernos, pastas, caixas, sacos plásticos...
E as memórias começaram a brotar.
Algumas lágrimas também, é inevitável...
Então pensei: "para que acumular tanta coisa que já passou, que está completamente fora do contexto atual, algo do qual, muito provavelmente, eu nunca mais lembraria se não estivesse ali à mão (dada a minha memória escassa), algo do qual eu não preciso lembrar... pra que?"
Percebi que não faz muito sentido continuar guardando aquele monte de coisa do qual nunca me lembro a não ser quando vejo. Aquela coisa que está chafurdada no longínqüo mais escuro, fundo, distante e de difícil acesso do meu cérebro e que, se eu não vejo, não lembro e se não lembro, não me entristeço.

E percebendo isso foi bem mais fácil me desfazer de muitas coisas.
Aliás de tantas coisas que, ao final de muitas horas de árduo trabalho retirando os escombros da memória e resgatando algumas vítimas, o que sobrou foi tão pouco que não enchia nem 1/4 de um cômodo pequeno da casa....

A minha vida todinha foi resumida a algumas fotos (joguei muitas fora, coisa que antes eu nunca havia feito), um totem para pendurar na parede, um quadrinho pequeno (o primeiro feito por mim), um relógio de parede, um apontador daqueles de manivela, alguns pincéis, umas tintas e lápis de cor e giz pastel, um caderno em branco, uma pasta com textos interessantes e que valem a pena serem relidos, cds, livros e uma caneca.
Muita roupa também disse adeus ao meu guarda-roupa.

Mas no final das contas ainda acho que acabei guardando muita coisa e que poderia ter me desfeito de tudo mesmo.
TUDINHO.
Porque no final das contas, a única coisa da qual eu realmente preciso, é da minha cabeça.

Cabeça esta que de vez em quando teima em imaginar planos mirabolantes.
Planos de fuuuuuga!

Fuga da realidade?
Não, fuga do teatro.
Fuga desse teatro onde a diretora é feita de gato e sapato pelos atores coadjuvantes.

Fugir para um outro cenário.
Sumir dos olhos desse púlico.
Sumir das garras deles.

Chegar até onde EU quero.
Arrumar outro público, outros atores, outro tudo.

E de lá de trás dos óculos escuros ficar vendo minha foto na plaquinha de pessoas desaparecidas queé colocada nos ônibus.

Friday, February 23, 2007

Ipiranga com a São João

Em São Paulo respira-se o necessário para não passarmos desta para uma melhor.
Em São Paulo até o suspiro dos apaixonados vira uma crise de tosse.


Ai, São Paulo... te amo tanto... mas vc me faz muito mal, sabia?

Monday, February 05, 2007

querer a terra, querer o céu

Ele a ama.
Ele ama o jeitinho como ela ri timidamente baixando os olhinhos...
O modo como ela delicadamente manuseia e cuidadosamente observa os encartes de cds recém-comprados...
Sua voz rapidinha ao telefone, típica de seu nervosismo e aversão pelo aparelho...
A calma com que lida com os os problemas que teimam em aparecer em sua vida e em surpreender a todos, menos a ela própria...
O penteado que insiste em fazer todos os dias e que deixa seus cachinhos mais despenteados do que ao acordar...
A humildade com que discute as artes, a política e tantos outros assuntos que ela domina como poucos...
Os dedos pequeninos daquelas mãos delicadas que não descansam de seu cafuné enquanto ele não está adormecido...
O encaixe perfeito entre seus corpos, a química perfeita entre seus seres...
Ele a ama por ela ser doce, selvagem, amiga, mãe, completa, independente...
Ele a quer para sempre.
Ele a quer para ele.
No entanto guarda o querer para si, afinal ela é tão independente e tão segura...
Mas está certo de que mais cedo ou mais tarde, ela há de querer o mesmo!
Um dia ela há de amar tanto até querer ele para si própria e para sempre!


Ela o ama.
Mas só amará até o dia em que não houver mais troca.
Só até o dia em que ela tiver mudado demais e ele também demais e os dois não mais se reconhecerem.
Ela o amará até o dia que ela sabe que vai chegar e que depois deste, eles não ficarão mais juntos.
Ela o amará até o dia em que não o ame mais.