Não ao pé no chão.

Sunday, February 25, 2007

ah, viaaaagem!

Essa semana houve uma revolução aqui em casa.
Foi imposto que deveríamos nos livrar de toda e qualquer velharia pois, segundo a matriarca, "a energia nova tem que ter espaço para circular".
E lá fui eu em busca do esquecido e encostado num canto.
Comecei a remexer tudo... papeizinhos soltos, álbuns, cadernos, pastas, caixas, sacos plásticos...
E as memórias começaram a brotar.
Algumas lágrimas também, é inevitável...
Então pensei: "para que acumular tanta coisa que já passou, que está completamente fora do contexto atual, algo do qual, muito provavelmente, eu nunca mais lembraria se não estivesse ali à mão (dada a minha memória escassa), algo do qual eu não preciso lembrar... pra que?"
Percebi que não faz muito sentido continuar guardando aquele monte de coisa do qual nunca me lembro a não ser quando vejo. Aquela coisa que está chafurdada no longínqüo mais escuro, fundo, distante e de difícil acesso do meu cérebro e que, se eu não vejo, não lembro e se não lembro, não me entristeço.

E percebendo isso foi bem mais fácil me desfazer de muitas coisas.
Aliás de tantas coisas que, ao final de muitas horas de árduo trabalho retirando os escombros da memória e resgatando algumas vítimas, o que sobrou foi tão pouco que não enchia nem 1/4 de um cômodo pequeno da casa....

A minha vida todinha foi resumida a algumas fotos (joguei muitas fora, coisa que antes eu nunca havia feito), um totem para pendurar na parede, um quadrinho pequeno (o primeiro feito por mim), um relógio de parede, um apontador daqueles de manivela, alguns pincéis, umas tintas e lápis de cor e giz pastel, um caderno em branco, uma pasta com textos interessantes e que valem a pena serem relidos, cds, livros e uma caneca.
Muita roupa também disse adeus ao meu guarda-roupa.

Mas no final das contas ainda acho que acabei guardando muita coisa e que poderia ter me desfeito de tudo mesmo.
TUDINHO.
Porque no final das contas, a única coisa da qual eu realmente preciso, é da minha cabeça.

Cabeça esta que de vez em quando teima em imaginar planos mirabolantes.
Planos de fuuuuuga!

Fuga da realidade?
Não, fuga do teatro.
Fuga desse teatro onde a diretora é feita de gato e sapato pelos atores coadjuvantes.

Fugir para um outro cenário.
Sumir dos olhos desse púlico.
Sumir das garras deles.

Chegar até onde EU quero.
Arrumar outro público, outros atores, outro tudo.

E de lá de trás dos óculos escuros ficar vendo minha foto na plaquinha de pessoas desaparecidas queé colocada nos ônibus.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Hoje eu vou fugir de casa, vou levar a mala cheia de ilusão!!!

1.3.07  

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