Não ao pé no chão.

Saturday, January 27, 2007

todas as saudades

Sinto saudade do tamanho de não caber mais.
Saudade tanta que "muita" ainda é pouco.
Saudade do sido, saudade do fosse.
Saudade da realidade, saudade das possibilidades.

Saudade um tanto que deixa até tonta.
Saudade gostosa que faz abraçar o travesseiro.
Saudade dolorida que arranca aquela lágrima escondida.
Saudade macia... de quem sabe que o reencontro não tarda!

Sunday, January 21, 2007

van gogh, melhor que namorado

(A pedidos, apartir de agora todos podem comentar neste blog, até os lunáticos, stalkers, anônimos psicopatas e coisas do gênero)

Outro dia, uma constatação: as sensações e os sentimentos que determinados livros, filmes, músicas e quadros despertam em mim são muito melhores e mais intensos do que os sentimentos até hoje despertados por qualquer pessoa com a qual já tive um relacionamento amoroso.
Sou capaz de sentir dor física de tanto gostar de uma música, sou capaz de me apaixonar por um quadro e ficar olhando para ele por horas e aquela imagem desencadear um processo de entendimento de alguma coisa que de outra forma eu não entenderia, sou capaz de ver um filme que me diz muito mais do que uma conversa sincera sobre amor com algum dos "amores" passados...
Quanto as pessoas... só fazem cócegas sentimentais.
A arte é neutra.
A arte não é dúbia como as pessoas são.
Quando a arte desperta em mim algo bom, eu posso confiar! Eu sei que ela vai continuar sendo a mesma dali a 5 minutos ou dali a 50 anos.
Ela não vai mostrar o seu lado negro assim que eu estiver desprevenida.

Contei isso a uma amiga minha e ela disse:
- Nossa, mas que tristeza, Ana! A arte te fazer sentir mais do que te fazem sentir as pessoas... muito triste!

Pois sabe que eu não acho nem um pouco triste?
Se determinadas pessoas precisam de outras pessoas para se sentirem felizes, preenchidas emocionalmente... na MINHA opinião, isso sim é uma tristeza.
Pq as pessoas são inconstantes, as pessoas mudam e o que as preenche hoje... talvez sobre amanhã.
Pq as pessoas criam dependências e neuroses e jogos e paranóias e sabe-se lá que outras maluquices... que por sinal não acontecem quando me relaciono com a arte.

O meu filme favorito não fica com ciúmes quando vejo um outro filme.
A minha música favorita não fica me falando coisas melosas que eu não estou a fim de ouvir, mas que ela acha q todas as mulheres gostam de ouvir, portanto se força a falar.
A minha poesia preferida não me pede atenção 24 horas por dia.
O meu quadro favorito não faz joguinhos sórdidos com a minha cabeça.

Tá, acho q eu cheguei longe demais...
Mas é assim que eu sou feliz.
E se essa minha amiga é feliz tendo seus romances e seus casos amorosos, que tenha boa sorte! Que divirta-se muito! Que ame muito e que seja amada tamém!

Eu fico com a arte, meus amigos e o meu casinho sexual.
Afinal... sexo ainda é melhor quando feito entre pessoas.
Porque eu poderia ter um vibrador, ficar só com meus dedos, ou até mesmo virar pansexual...
Mas sexo, pra mim, ainda tem como pré-requisito básico a participação de, no mínimo, 2 seres-humanos

Ah, chega!
Já até mudei de assunto, vai!
Hahahahaha!
Vou dormir.

Thursday, January 18, 2007

o youtube continua lindo

Coisas bonitas que a gente acha no YouTube:


* Rodrigo Amarante acabando com um repórter

Gostei tanto assim, primeiramente, porque eu nutro um certo ASCO pelo modo como o jornalismo se dá neste nosso país tão querido, amado, abençoado por Deus e bonito por natureza, que beleza em fevereiro tem Carnaval...
"Segundamente" porque sou muito fã deste rapazote de barba ruiva.

*****

Outra coisa bonita:

* Trecho de "Uma Mulher é uma Mulher" (Jean-Luc Godard)

*****

Viva o dia de hoje!
Interagi com poucos humanos, brinquei muito com o meu gato, assisti dois filmes FANTÁSTICOS e encontrei aqui em casa um livro que pensei estar perdido...

:)

Monday, January 15, 2007

anúncio

Interessados em vender uma caverna mobiliada, para apenas uma moradora, em local distante e de difícil acesso, favor entrar em contato.
Obrigada!
Ana Flor (capitã-caverna)


Ai, humanos...
Como vcs podem despertar simultaneamente tanto amor e tanto ódio em mim, hein?

[ Ouvindo: Edith Piaf - Johnny tu n'es pas un ange ]

Friday, January 12, 2007

ode ao ódio

Tem dias em que o meu mau-humor, pessimismo, sentimento de impotência e raiva do mundo fazem papel de ácido.
E não é do lisérgico que eu falo, mas sim acido clorídrico, de qualquer ácido muito corrosivo. Se possível o mais mais corrosivo e tóxico possível.

É o modo como me suicido aos poucos.
Auto-punição por algo que eu não fiz.
Auto-destruição.
Ódio.
Muito.
Uma montanha de ódio corrosivo crescendo dentro de mim e corroendo tudo por dentro.
Uma dor aguda... Um sentimento crônico.
A montanha cresce e o estrago aumenta.

A montanha cresce tanto dentro de mim que derrete tudo aquilo que um dia foi chamado de ser-humano e vira apenas uma massa monstruosa de ódio corrosivo que eu espero que se infiltre no solo, nos lençóis freáticos, contamine os rios, os mares, toda a água potável do mundo e de uma vez por todas acabe com a raça humana e com toda a sua barbaridade, com todo o seu absurdo, com toda a sua futilidade, com toda a sua burrice, com toda a sua direita reacionária, e com toda a sua esquerda burra e desarticulada, com toda a sua opressão, com todo o seu nazismo, com toda a sua mesquinhez, com todos os seus valores, com a família, a propriedade privada, com o pai, com o rei, com a mídia, com o dono, com os salvadores, com os messias, com os padres, os pastores, os pregadores, com os machistas, com as feministas, com os que baixam a cabeça, com os que pisam nas cabeças, com com tudo, com todos.

[ Ouvindo: Michael Yonkers Band - Hush Hush ]

Monday, January 08, 2007

faz de conta que é amor.

Ela adorava poesia. Lia muito. Lia todas. Todos os autores, de todas as escolas literárias, de todos os países.
Mas suas poesias preferidas falavam sobre amor.
Talvez fossem suas preferidas porque aquilo era uma especie de ficção científica, uma vez que ela não acreditava no amor.
Achava fantástico que alguém pudesse inventar algo tão surreal quanto o tal sentimento.
O amor era algo tão fantasioso quanto os sacis, ou o curupira.

De quando em quando se lembrava da época em que era uma criança e brincava de caçar sacis... da época em que se fantasiou de curupira para a peça da escola.
Ela sempre soube que eles nunca existiram, mas era bom brincar do faz-de-conta.
Mas no fundo no fundo ela sempre temeu que um dia o fantasioso viesse a se materializar bem diante de seus olhos no meio da brincadeira.

Então, depois de adulta, ela fazia como quando criança e desafiava o fantasioso pegando na mão e fazendo cafuné no rapaz que morava longe quando passavam noites juntos.
Era divertido, era bom
Mas não era o amor.

E assim seria até o dia em que o amor resolvesse provar a ela que ele realmente existia.